Biotecnologia no campo
As diferentes faces
Conceito da Biotecnologia
O conhecimento que utiliza organismos vivos para gerar produtos por meio de
estudos aprofundados permite muitas modificações à sociedade, nos mais variados
conceitos , desde temáticas como a genética, bioquímica, fisiologia vegetal,
entomologia até no melhoramento de plantas, entre outros. A focalização na maior
qualidade e produtividade das plantas fomenta a utilização de mecanismos que
adaptem a preconização de alimentos nutritivos e fatores edafoclimáticos e plantas
resistentes.
Não obstante, essa ciência faz parte da sociedade há séculos, desde as civilizações
ancestrais egípcias, que utilizavam da fermentação, ou seja, a presença de microorganismos e a ausência de oxigênio, para a produção pães, vinhos e queijos, a
chamada Biotecnologia clássica. Na modernidade, no entanto, é possível fazer
alterações no material genético vegetal, possibilitando os transgênicos a se
tornarem intrínsecos na dieta alimentar. Assim, faz-se necessário evidenciar a
definição de transgênicos pela Lei de número 11105, de 24 de março de 2005, na
qual os transgênicos são organismos geneticamente modificados (OGM): aqueles
cujo o material genético (DNA ou RNA) tenha sido modificado por qualquer
técnica de engenharia genética.
Diante desse cenário, ainda que aparentemente vários sejam os benefícios dos
transgênicos - por possibilitaram menor gasto energético, água, bem como maior
armazenamento e processamento - a realidade é adversa ao que se prega. Há
várias implicações que deterioram a multiplicidade genética, haja vista a
padronização dos organismos, uma vez que, por serem adaptados às condições
para que ocorra o domínio terrestre, multiplica-se com facilidade, podendo
alcançar, até mesmo, os lugares mais remotos. Assim, faz-se necessário citar o
documentário O Mundo Segundo Monsanto, o qual evidencia a hegemonia exercida pela multinacional ao contaminar a produção de milho indígena mexicano com
espécies transgênicas, flagelando a plantação secular pelos malefícios introduzidos
pela marca, transformando a autonomia nativa em algo ilusório.
Ademais, ainda que se otimizem os recursos naturais, por serem planejados para as
monoculturas e grandes latifúndios, os transgênicos desfavorecem os ecossistemas,
pela degradação das populações de micro-organismos e insetos, como as abelhas,
por estar impresso em seu gene características que são mortíferas a essas espécies.
Outrossim, muitas vezes, os produtos transgênicos são almejados pela maior
resistência aos agrotóxicos e, nesse aspecto, objetivando atingir as espécies
invasoras sem afetar a produção, os OGM tornam-se uma alternativa cômoda aos
produtores, visto que abrangem ambos os requerimentos.
Diante disso, vale ressaltar que, no documentário já citado, houve a denúncia aos
maleficios submetidos aos indianos ao consumirem o algodão VT: a degradação da
multiplicidade da região, bem como a condenação das colheitas insuficientes,
levando, portanto, às dívidas. Assim , problemas de saúde, degradação do
ecossistema e, até mesmo, o suicídio tornaram-se constantes, embargando o
progresso e suscitando a anômala condição social local.
Portanto, a biotecnologia tem várias vertentes e, muitas vezes, não são benéficas
quanto à primeira vista parecem ser. Dessa forma, a seletividade do seu
desempenho é fundamental para que se construa o senso crítico a respeito de suas
implicações e, por conseguinte, ao ter conhecimento pleno, opte-se por formas de
produção que preconizem, genuinamente, a sustentabilidade ambiental.
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